Tirando a máscara

Sabe, quando você foi embora, eu não achava que ia ser pra sempre.
Eu nem achei que ia doer tanto...
Eu achei também que mais cedo ou mais tarde, o telefone tocaria... a campainha... Sei lá, uma carta, um e-mail... um grito no meio da rua... Qualquer coisa que me dissesse:

- Eu quero voltar pra casa!

Não queria só que você quisesse,
Queria que você precisasse...
Que você morresse!

Mas quase nada aconteceu.

Só minha vontade que aumentou, diminuiu, o arroz sobrou na panela, meus sorrisos ficaram mais desesperados e constrangedores... A felicidade não foi embora contigo, mas devo confessar que sem ti ela tem outro gosto.

Hoje, as musicas que falam de amor não te lembram mais... Elas dizem de valer a pena, de pedir desculpas, de I WILL SURVIVE! Então, nem espero mais noticias suas... Elas até que são bem vindas... Mas não mais esperadas.

Ah! Você pode até reclamar seus direitos, dizendo que eu também não movi sequer menor benevolência, nem te disse Oi no elevador... Mas faça-me o favor...

- Não era eu quem era o amado!
- Não era eu quem deveria dar valor!
- Não era eu quem deveria achar bom ou ruim!
- Não era eu quem deveria ter feito o que fiz... Eu fiz demais!

E o que você fez?

Você desvalorizou!
Você desprezou!
Você envergonhou...
Você foi um merda!

Portanto você não fez nada que estava na lista de ações esperadas de quem quer ser amado.

Você nem sequer sentiu minha falta, nem comentou sobre meu cabelo... Bem, você cometeu canalhices que só me ajudaram. Hoje eu fumo desesperadamente, bebo demasiadamente... Ouço Alcione nas horas vagas, e sou feliz.

Lógico que quando faço aquele macarrão que você tanto gostava... Eu lembro da sua boca imunda comendo feito um porco. Mas é sempre assim que me lembro de ti: Como um porco, que come com a ânsia de que um dia vai ser feliz e com o parasitismo que sempre lhe foi característico.